Lúpus: causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção
Lúpus é uma doença inflamatória autoimune, que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro. Em casos mais graves, se não tratada adequadamente, pode matar. O nome científico da doença é "Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)".
O que são doenças autoimunes?
Doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico da pessoa ataca tecidos saudáveis do próprio corpo, por engano. As causas das doenças autoimunes ainda não são conhecidas. A teoria mais aceita é que fatores externos estejam envolvidos na ocorrência dessa condição, principalmente quando há predisposição genética e o uso de alguns medicamentos.
A maioria das doenças autoimunes são crônicas, ou seja, não são transmissíveis, no entanto muitas delas podem ser controladas com tratamento. Além disso, os sintomas das doenças autoimunes podem aparecer e desaparecer continuamente, sem causa aparente.
IMPORTANTE: Dentre as mais de 80 doenças autoimunes conhecidas atualmente, o Lúpus é uma das mais graves e importantes. Por isso, assim que surgirem os primeiros sintomas, procure atendimento médico especializado imediatamente.
Quais são os tipos de Lúpus?
O Lúpus pode ser manifestar de quatro formas diferentes, que têm causas distintas. As principais formas da doença são:
Lúpus Discoide: esse tipo de lúpus fica limitado à pele da pessoa. Pode ser identificado com o surgimento de lesões avermelhadas com tamanhos, formatos e colorações específicas na pele, especialmente no rosto, na nuca e/ou no coro cabeludo.
Lúpus Sistêmico: esse tipo de lúpus é o mais comum e pode ser leve ou grave, conforme cada situação. Nessa forma da doença, a inflamação acontece em todo o organismo da pessoa, o que compremete vários órgãos ou sistemas, além da pele, como rins, coração, pulmões, sangue e articulações. Algumas pessoas que têm o lúpus discoide podem, eventualmente, evoluir para o lúpus sistêmico.
Lúpus induzido por drogas: essa forma do lúpus também é comum e acontece porque substância de algumas drogas e/ou medicamentos podem provocar inflamação com sintomas parecidos com o lúpus sistêmico. No entanto, a doença, nesse caso, tende a desaparecer assim que o uso da substância terminar.
Lúpus neonatal: esse tipo de lúpus é bastante raro e afeta filhos recém-nascidos de mulheres que têm lúpus. Normalmente, ao nascer, a criança pode ter erupções na pele, problemas no fígado ou baixa contagem de células sanguíneas, mas esses sintomas tendem a desaparecer naturalmente após alguns meses.
IMPORTANTE: Alguns bebês com lúpus neonatal também podem desenvolver um defeito cardíaco grave. No entanto, com testes e exames adequados, os médicos conseguem identificar as mães em risco e fazer o tratamento antes ou depois do nascimento.
O que causa o Lúpus?
Não se sabe ao certo que causa o Lúpus, tendo em vista que o sistema imunológico atacar e destruir tecidos saudáveis do próprio corpo é um comportamento anormal do organismo. No entanto, os estudos presentes na literatura médica e científica nacional e mundial apontam que as doenças autoimunes, o que inclui o Lúpus, podem ser uma combinação de fatores, como: hormonais, infecciosos, genéticos, ambientais.
Os gatilhos para desencadear o Lúpus, de acordo com a ciência, são:
Luz solar: a exposição à luz do sol, de forma inadequada e em horários inapropriados, pode iniciar ou agravar uma inflamação preexistente a desenvolver lúpus. Além disso, esse tipo de postura também pode provocar câncer de pele.
Infecções: ter uma infecção pode iniciar lúpus ou causar uma recaída da doença em algumas pessoas, o que pode gerar um quadro leve ou grave, conforme cada situação.
Medicamentos: lúpus também pode estar relacionado ao uso de determinados antibióticos, medicamentos usados para controlar convulsões e também para pressão alta. Informe seu médico se notar qualquer sintoma estranho.
Quais são os fatores de risco para Lúpus?
O lúpus não é uma doença comum e que tenha fatores de risco pré-determinados, uma vez que pode se manifestar em pessoas de qualquer idade, raça e sexo. No entanto, existem algumas situações que podem facilitar, de alguma forma, a incidência de lúpus:
Gênero: a doença é mais comum em mulheres do que em homens, mas pode se manifestar em ambos os sexos.
Idade: a maior parte dos diagnósticos de lúpus acontece entre os 15 e os 40 anos, mas pode surgir em qualquer faixa etária.
Etnia: lúpus é mais comum em pessoas afro-americanas, hispânicas e asiáticas. Além disso, a incidência do lúpus chega a ser três a quatro vezes maior em mulheres negras do que em mulheres brancas.
Quais são os sintomas do Lúpus?
Os sintomas do lúpus podem surgir de repente ou se desenvolver lentamente. Eles também podem ser moderados ou graves, temporários ou permanentes. A maioria dos pacientes com lúpus apresenta sintomas moderados, que surgem esporadicamente, em crises, nas quais os sintomas se agravam por um tempo e depois desaparecem.
Os sintomas podem também variar de acordo com as partes do seu corpo que forem afetadas pelo lúpus. Os sinais mais comuns são: fadiga, febre, dor nas articulações, rigidez muscular e inchaços; rash cutâneo - vermelhidão na face em forma de "borboleta" sobre as bochechas e a ponta do nariz. Afeta cerca de metade das pessoas com lúpus. O rash piora com a luz do sol e também pode ser generalizado; lesões na pele que surgem ou pioram quando expostas ao sol; dificuldade para respirar; dor no peito ao inspirar profundamente; sensibilidade à luz do sol; dor de cabeça; confusão mental e perda de memória; linfonodos aumentados; queda de cabelo; feridas na boca; desconforto geral, ansiedade, mal-estar; sintomas específicos; outros sintomas do lúpus, mais específicos, dependem de qual é a parte do corpo afetada:
Cérebro e sistema nervoso: cefaleia, dormência, formigamento, convulsões, problemas de visão, alterações de personalidade, psicose lúpica.
Trato digestivo: dor abdominal, náuseas e vômito.
Coração: ritmo cardíaco anormal (arritmia).
Pulmão: tosse com sangue e dificuldade para respirar.
Pele: coloração irregular da pele, dedos que mudam de cor com o frio (fenômeno de Raynaud).
Alguns pacientes têm apenas sintomas de pele. Esse tipo é chamado de lúpus discoide.
Como é feito o diagnóstico de Lúpus?
O diagnóstico para Lúpus não é tão simples, porque os sintomas podem variar muito de pessoa para pessoa e mudam com o passar do tempo, o que em muitas vezes confunde com os sinais de outras doenças.
Por isso, ainda não há nenhum exame ou teste específico para diagnosticar o lúpus, mas isso pode ser feito com segurança a partir de exames de sangue, urina e dos sintomas clínicos apresentados ao médico durante exame físico.
Os exames para mais comuns e úteis para diagnosticar Lúpus são:
Exame físico.
Exames de anticorpos, incluindo teste de anticorpos antinucleares.
Hemograma completo.
Radiografia do tórax.
Biópsia renal.
Exame de urina.
Como é feito o tratamento para Lúpus?
O tratamento do Lúpus, assim como para outras doenças crônicas como câncer, hipertensão e diabetes, é mais paliativo e tem por objetivo controlar os sintomas, melhorando a qualidade de vida da pessoa. Isso porque, até o momento, Lúpus não tem cura.
O tratamento é diferenciado para cada caso, conforme os níveis de intensidade e agressividade da doença.
Lúpus leve pode ser tratado com:
Anti-inflamatórios não esteroides para artrite e pleurisia.
Protetor solar para as lesões de pele.
Corticoide tópico para pequenas lesões na pele.
Droga antimalárica (hidroxicloroquina) e corticoides de baixa dosagem para os sintomas de pele e artrite.
Lúpus graves ou que levem a pessoa ao risco de morte, são tratados com:
Alta dosagem de corticoides ou medicamentos para diminuir a resposta do sistema imunológico do corpo (imunossupressores).
Drogas citotóxicas (drogas que bloqueiam o crescimento celular), quando não houver melhora com corticoides ou quando os sintomas piorarem depois de interromper o uso.
IMPORTANTE: Os medicamentos usados na forma grave da doença têm, também, efeitos colaterais graves, exigindo monitoramento médico especialista frequente e constante.
Lúpus tem cura?
A medicina e a ciência ainda não encontraram uma cura para Lúpus, no entanto o prognóstico, ou seja, o tratamento paliativo, quando aplicado de forma adequada, pode controlar e até fazer desaparecer os sintomas da doença. Por isso, com o acompanhamento e tratamento corretos, ambos oferecidos de forma integral e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é possível levar uma vida normal.
Quais são as complicações possíveis do Lúpus?
Se não tratado corretamente, o Lúpus pode desenvolver complicações graves a diversos órgãos e tecidos do corpo humano, podendo provocar, inclusive, a morte da pessoa.
As principais complicações do Lúpus costumam acontecer nos seguintes órgãos:
Rins: a falência dos rins está entre as principais causas de morte por complicações de lúpus nos primeiros cinco anos do diagnóstico da doença. Alguns sintomas são comuns nessa fase: irritação, coceira generalizada, dores no peito, falta de ar, náuseas, vômito e edemas.
Cérebro: se a doença tiver chegado ao cérebro, a pessoa pode apresentar alguns sintomas específicos, como dor de cabeça, confusão, tontura, mudanças de comportamento, alucinações, derrames cerebrais (AVC) e convulsões.
Vasos sanguíneos: anemia, aumento no risco de sangramentos e inflamação dos vasos (vasculite) estão entre as principais complicações possíveis decorrentes de lúpus. Em alguns casos, é preciso doação de sangue no tratamento.
Pulmões: o lúpus também pode levar à pleurisia, que é uma inflamação dos tecidos que revestem os pulmões e a caixa torácica, o que pode provocar muita dor durante a respiração.
Coração: pode ocorrer também, em alguns casos, a inflamação dos músculos do coração e artérias, aumentando significativamente as chances de um infarto.
Além disso, o lúpus pode acarretar outros problemas de saúde, ou desenvolver os que já existem, como, por exemplo:
Infecção: tanto a doença quanto o tratamento do Lúpus atacam o sistema imunológico da pessoa, o que abre espaço para entrada de infecções. As mais comuns são no trato urinário e respiratório.
Câncer: o lúpus também pode provocar o surgimento de tumores ou agravar os que a pessoa
tiver.
Necrose avascular: ocorre a morte das células que revestem os ossos, causando pequenas fraturas e o rompimento de muitas articulações, em especial as do quadril.
Complicações na gravidez: as mulheres que sofrem de lúpus e engravidam geralmente são capazes de manter a gravidez e dar à luz um bebê saudável, desde que não sofram de doença renal ou cardíaca grave e que o lúpus esteja sendo tratado adequadamente. No entanto, as chances de perda na gravidez aumentam consideravelmente.
IMPORTANTE: Lúpus com manifestações graves também podem acarretar outras complicações, como anemia hemolítica, amplo envolvimento cardíaco ou pulmonar, doença renal ou envolvimento do sistema nervoso central, necessitando de um tratamento mais agressivo e específico.
Cuidados e dicas de saúde aos pacientes com Lúpus
Existem alguns cuidados e dicas de saúde que podem melhorar a qualidade de vida da pessoa que tem lúpus. É importante redobrar o cuidado com a saúde, especialmente no coração,
pulmões e rins, para evitar complicações e problemas mais graves no futuro.
Além disso, é importante fazer uma análise frequente da imunização e testes para verificar também a saúde dos ossos e outras doenças. Como o Lúpus atinge o sistema imunológico, é importante fazer de tudo para que ele fique sempre bem.
Veja algumas dicas outras que ajudam na qualidade de vida e no tratamento do lúpus:
A psicoterapia e os grupos de apoio podem ajudar a aliviar a depressão e as alterações no humor que podem surgir em decorrência do lúpus.
Descansar bastante é fundamental.
Evitar o sol.
Prática de atividades físicas regulares.
Não fumar.
Não consumir bebidas alcoólicas.
Manter alimentação saudável, com dieta balanceada e rica em cálcio.
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Como prevenir o Lúpus?
Ainda não existem formas conhecidas de se prevenir o Lúpus, tendo em vista que as causas da doença ainda não são totalmente conhecidas e também não há vacinas.
No entanto, evitar gatilhos para o Lúpus se desenvolver são fundamentais.
Tenha hábitos e estilo de vidas saudáveis.
Tenha alimentação saudável.
Evite exposição ao sol.
Cuide da sua saúde regularmente.
Prevenção e promoção da saúde são as melhores formas de evitar doenças.
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